UM PAÍS DE CABEÇA PRA BAIXO


Nas últimas semanas, uma série de acontecimentos abalou o sentimento nacionalista de grande parte dos brasileiros. Desde que nasci nunca tinha visto tanta indignação política, tanta injustiça, tanta zoação e, muito menos, sentido tanta vontade de ser mais do que eu posso ser agora. Completei 18 anos há 11 meses e me sinto ainda perdido no meio político. Mas me sinto completamente envergonhado quando vejo que as únicas notícias do meu país que rolam por todo o mundo são todas a respeito do quanto NÓS, brasileiros, somos ´´espertos`` e nos utilizamos do nosso jeitinho de malandro.

A partir de uma base patriarcal, machista, preconceituosa e corrupta, surgiram os brasileiros. De início, não fomos culpados por isso. Eu poderia dizer que é tudo culpa dos portugueses (e de certa forma, é um pouco), que fomos inocentes, mas essa não é bem a verdade. Sejamos sinceros. Somos na maioria dos casos verdadeiros desinteressados. Quem nunca disse ´´está tudo bem, isso não vai dar problema`` a um amigo ou conhecido, que atire a primeira pedra. Só damos importância, de verdade, a algum problema quando a situação já está pegando fogo.

Nossa sociedade possui uma estrutura muito falha e difícil de ser destruída. Grande parte dos cidadãos nem ao menos conseguem, ou querem, entender uns aos outros. Um heterossexual não pode defender o direito dos homoafetivos de cidadãos comuns, porque senão ele é ´´frutinha``. Um homem não pode tratar bem uma mulher e lutar pelo feminismo (que não prega a decadência masculina para a ascensão feminina), porque senão ele é ´´afeminado``. Ninguém pensa que o tratamento igualitário entre um heterossexual e um homoafetivo ou entre um homem e uma mulher é algo que trará benefícios a toda população, e não apenas a parte dela. Viu como nossa sociedade é bem arrogante e preconceituosa?

Discutindo rapidamente com um amigo meu, eu disse que o problema da violência, corrupção e preconceito no país é em razão do fato de que não mudamos de situação, porque não acreditamos que seja necessário mudar toda a base dos brasileiros. Em outras palavras, não mudamos pelo simples fato de acharmos que daria muito trabalho arrumar desde a infância o modo como criamos novos cidadãos para então caminhar ao progresso.


Em situações de indignação política, como a que vivemos atualmente, ficamos tão desesperados que recorremos (sem pensar direito) a qualquer um que transpareça ser uma figura autoritária e que defende a ordem a qualquer custo. Traduzindo, a maioria utiliza como bandeira a imagem de políticos e suas politicagens que ferem a liberdade dos cidadãos e que prometem cultivar a nossa estrutura cultural baseada no preconceito, machismo e na base da porrada, se for preciso. Pelo visto, se continuar assim, o futuro no Brasil vai ser bem legal. 

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