A noite em que eu imaginei a minha própria plateia
Ontem à noite, estava assistindo Friends, algo que tem acontecido frequentemente em todas as últimas noites das últimas duas semanas. Eu sinceramente cansei de tudo o que eu estava fazendo antes. Não é só o isolamento, é mundaréu de coisas vindo ao mesmo tempo e eu tenho que me contentar em não fazer nada, porque não há nada que possa ser feito por mim. Mas, enfim, o motivo desta escrita não é o que tem se passado, mas sim o que eu pensei e senti na noite anterior.
Certamente, eu lembrei de que eu não cresci com um pacote de televisão por assinatura em casa e nunca tive computador por muito tempo devido às limitações impostas pelos meus pais (tem lá seu pontos positivos e negativos). Lembrei do quanto eu achava essa sitcom engraçada quando eu via alguns trechos de seus mais de 200 episódios quando eu me hospedava em algum hotel ou na casa de alguém e agora eu, finalmente, tenho acesso a tudo e posso ver tudo e me sinto exatamente como eu imaginei que me sentiria quando tudo isso fosse possível.
Foi então que eu comecei a divagar sobre o quanto eu estava curtindo tudo isso e o quanto isso me fazia esquecer de tudo. Nas minhas últimas aulas de inglês, estudamos o quanto “art can help under stress people” e honestamente a única coisa que eu quero fazer nos últimos dias é ler qualquer livro, assistir algo e ouvir música. Não me sinto tão cansado e tão inútil como costumava a me sentir quando era mais novo e só fazia isso e mais nada da vida.
Foi então que lembrei de um fato extremamente importante sobre mim. Acho que contei isso para no máximo uma ou duas pessoas em toda a minha vida. A verdade é que há muito tempo eu tenho um costume estranho dentro da minha própria cabeça. Há muito tempo, eu imagino que em algum lugar, há várias pessoas bem vestidas, sentadas e todas elas estão olhando para um grande telão, no qual o que vai se passar é a minha vida, o meu cotidiano, minhas realidades alternativas ou como eu me imagino daqui uns anos (meu Deus, chama o psiquiatra).
Sabe, às vezes, é a minha família quem assisti e tem orgulho, outras vezes são meus colegas para eles verem o quanto eu mudei e posso ser diferente (aí isso geraria uma mistura de emoções no ar haha). Mas quando eu vejo um filme ou uma série, eu não só me imagino lá dentro fazendo parte do elenco, como também me imagino conhecendo todo o elenco e todos eles estão super animados em me conhecer devido a todos os elogios e histórias sobre mim. Outras vezes, os famosos estão apenas assistindo a minha vida em um baita telão e imaginando como não sabiam da existência de um cara como eu (meu Deus, chama o psiquiatra parte 2).
Nesse momento, eu me lembro de como um dia um professor perguntou o meu nome completo e quando eu terminei de dizer, ele disse: é só isso? Realmente, meu nome é meio desanimado. Eu poderia ter qualquer um dos sobrenomes de qualquer parte da minha família, mas não tenho e por mais que eu já inventei uma centena de combinações de nomes com isso, hoje eu gosto do meu nome como ele é. Simples. Me lembra que eu ainda não sou ninguém e, sinceramente, tudo bem com isso, porque eu tenho que me construir.
Foi então que me lembrei de como eu me sinto quando estou apresentando um seminário. De como eu gosto de detalhar tudo, de como sou metódico, de como eu me sinto parte daquilo. A maioria dos meus colegas não presta atenção, mas todos aqueles mais próximos sim, me cumprimentam após a apresentação e, às vezes, quando o professor me elogia, me sinto tão feliz que poderia sair correndo, pulando, batendo em tudo o que quisesse, gritando e abraçando todos aqueles que eu gostaria de abraçar naquele momento. E é claro tenho vontade de agradecer a todo mundo que está sempre comigo!
É então quando eu choro de felicidade por me sentir parte de algo tão bom, algo que me deixa feliz. É nesse momento que percebo que há pessoas me assistindo fora das minhas imaginações. Isso é real! É tão bom quando alguém fala de você para você mesmo, de como ela quer que você acredite realmente naquilo que ela está dizendo e tudo isso é extremamente inesperado. Ahh o poder da surpresa. Mas não para por aí, porque eu me lembro de quando que fiz outras coisas boas e foi reconhecido por isso de uma forma inesperada por quem eu queria e por quem eu não imaginava que um dia estaria realmente olhando por mim. É um momento de felicidade, esses pequenos momentos quando você percebe qual é o seu dever neste mundo, que você tem mais certeza do que quer e tem cada vez menos dúvidas sobre isso. Essa é a minha catarse.
Bom, a minha vida não vai mudar de uma hora para outra só por causa desse momento, dessas memórias ou mesmo por esse relato. A minha vida só tem dado cada vez mais certo a partir do momento que eu percebi que os meus sonhos e anseios podem se tornar realidade, mas o caminho até tudo acontecer vai ser bem mais irregular do que eu jamais imaginei. É assim que eu espero que ela continue e que mais momentos como o de ontem à noite aconteçam por muitas vezes, afinal, às vezes basta só olhar para você mesmo e ver quanta história você já tem e o quanto de história você ainda quer escrever. Ahh quão bom tem sido ver Friends nos últimos dias...
Rapaz, vc escreve bem!
ResponderExcluirMuito obrigado!
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